sexta-feira, 25 de julho de 2014

No Sofá


No relógio batiam duas da manhã. Já fazia duas horas que aquela cena acontecia e meu pau estava duro como pedra. Eu suava, muito. Vestia um short e só. Estava deitado no sofá de três lugares da casa de minha mãe. Fui visitá-la e acabei por passar a noite. Ele entrou e não sabia quem era, talvez fosse amigo da casa, um vizinho novo que já ganhara intimidade.

Sentou-se à meia-noite no sofá ao lado, de dois lugares e colocou um dos pés sobre o assento. Vestia uma bermuda larga que mostrava sua cueca e uma camiseta dos Rolling Stones, aquela com a língua enorme. Achei-o bonito logo de cara. Disse oi e ele respondeu. A luz estava apagada e eu assistia a um romance, desses que passam à noite antes de a gente dormir. Olhava de vez em quando para ele, que permanecia imóvel. Não piscava. Assistia ao filme como se realmente lhe agradasse, mas não me parecia ser o seu tipo de filme. Via-o em alguma sessão dos Transformers, X-men, em um daqueles longas ruins do Stallone.

Olhou-me de repente e meneou a cabeça, eu sorri de volta, um sorriso de canto. Olhei para a tevê e comecei a suar. O calor era grande. Já madrugada e no weather do meu celular marcava trinta graus. Ele esticou as pernas, pernas longas, musculosas, peludas. Os pés grandes. Espreguiçou-se e o seu corpo envergou de tal forma, com a cabeça jogada para trás, que eu pude olhá-lo, mesmo que rapidamente, em todos os seus detalhes.

Gostoso. Ele era gostoso. Não sabia se poderia fazer algo. Nessa nossa pequena aproximação não consegui distinguir se ele era hétero, gay. A camisa do Rolling Stones conferia-lhe certa masculinidade, mas isso dizia tão pouco. Olhei para os seus pés demoradamente e minha boca encheu-se d'água. Como tinha pés bonitos. Dedos longos, as unhas cortadas. As pernas abriram-se um pouco e ele coçou o saco, discreto, e tossiu. O abdome se comprimiu. Tinha uma certa barriga, mas nada exagerado, aquela barriga de chope, bonita.

Vez ou outra mudava de posição no sofá e a bermuda mostrava um pouco mais das pernas. Fiquei excitado, muito. Esfregava as pernas tentando escapar daquele constrangimento de estar ereto no mesmo ambiente com alguém que eu mal conhecia, mas olhá-lo tão de perto me fazia querê-lo profundamente. Minha boca oscilava entre o seco e o excesso de saliva. Ele tossiu algumas vezes e seu corpo se comprimia. Tinha força, pareca ter muita força.

Com o tempo, perdi o interesse no filme e criei um em minha cabeça. Ele levantaria e me pegaria pela nuca, então abaixaria sua bermuda e esfregaria minha cara no seu pau, ainda de cueca. Vi isso uma vez em um filme, não me recordo o nome. O rapaz fazia isso com sua namorada e depois eles trepavam no sofá. 

Como ele seria nu? Teria pau grande? Eu desisti inteiramente do filme e não conseguia olhar senão para ele. Acho que percebeu. Pigarreou, tossiu mais. Até que uma hora levantou-se e disse que estava indo. Veio até mim e apertou minha mão.
- Muito Prazer.
- O prazer foi todo meu, chamo-me Fernando, aliás.
- Eu sou o Tadeu. Boa noite.
Não sei ainda se é amigo de alguém da família. Tadeu foi embora tão repentinamente quanto chegou. Meu desejo era pular nele e impedi-lo, dizer que era hora de dormir, mas na minha cama. Talvez ele gostasse. Por algum motivo o imaginei puxando o meu cabelo, me xingando, fazendo absurdos inomináveis.

Fui acordado, lá pelas quatro da manhã, pelo meu irmão.
- Você vai machucar o pescoço, deita na cama.
Eu o agradeci e dormi mais uma vez. Sonhei com Tadeu. Eu estava em uma coleira e lambia os seus pés, ele me batia com um chicote, que eu não via, mas sentia bater forte na bunda. Os pensamentos que tive enquanto ele esteve em casa transferiram-se para o sonho. Toda a maledicência que eu imaginara acontecia ali. Eu gozava, urrava, eu era puro prazer. Um pouco antes de acordar, ouvi ele me chamando. Olhava para cima e seu rosto com as mandíbulas fortes me xingava e eu ria, adorando, quando ele me chamava.
- Lambe.
- Sim, senhor.
- Cadela.

Nunca mais o vi.

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