quarta-feira, 16 de julho de 2014

A Primeira Vez

Foto: Alyssa Monks


Olhou para trás e pediu:
- Morde.
O rapaz não conseguia se mexer. Erguia as mãos, enlaçava o seu quadril, insinuava, mas não fazia nada. Era sua primeira vez. O outro, de quatro, esperava uma reação. Já tirara a virgindade de alguns, mas esse estava particularmente tímido. Demorou tanto para tirar a cueca, que ele propôs chupá-lo no escuro, para que não se olhassem, mas nem mesmo assim.
Conheceu-o em um bar. Olharam-se. Um piscou. O outro sorriu. Conversaram muito e na boate se mostrou solícito, sagaz. Fez piadas inteligentes. Um corpo franzino, mas forte. Ele o apertava toda vez que ria e conseguia sentir os músculos no braço. Cochichou que queria ir embora:
- Mas já?! - perguntou com cara triste - Fica mais um pouco, vai!
- Não quero, tá chato. Vamos comigo.
O outro espantou-se, mas aceitou. Entraram no apartamento e o rapaz parecia outro. Pediu licença, fez que ia tirar os sapatos, mas foi impedido pelo outro. Ofereceu-lhe um vinho e ele aceitou. Trocaram meia dúzia de palavras e foram para o quarto. E então travou.
- Bicho, você gosta mesmo de homem?
- Gosto. Porra, você é delicioso. É só que...
- Esquece o resto. Olha pra mim. Olha mesmo. Eu tou de quatro pra você. Relaxa...
Rebolou no seu colo e virando para ele, piscou maliciosamente. Nada calculado, mas muito ensaiado com anos de prática assistindo aos garotos do xvideos. Encostou a cabeça no travesseiro e, empinado, pediu o que queria. Ele corou. Não sabia.
- E faz como? É com a boca mesmo?
- Isso, é só por a língua e chupar.
Fez. Fez demoradamente. Raspava a barba e beijava a bunda dele. Ouviu uma vez falarem que aquilo era cunete, mas nunca pensou em fazer. Quem colocaria a boca ali? E agora ele beijava uma bunda linda, empinada. Perdia-se nos pelos que o rapaz tinha, bem aparados. Pinicavam na cara. Imaginava como seria o contrário, sentir a barba raspando, junto com o beijo.
Excitou-se tanto, que se masturbou e no fim gozou, beijando o outro.
Pediu desculpas.
- Não pede desculpas, não. Foi delicioso.
- Mas não foi sexo, não teve...
- Ainda não acabou.
- Ah é?! - perguntou com uma malícia sincera mas teatral, de quem acabara de se inciar e queria mostrar experiência - E agora, a gente faz o quê? - perguntou-lhe beijando a boca.
O outro virou-se de bruços e, num gemido quase sussurrado, disse:
- Mete!

E então amanheceu.




(Livremente inspirado na poética de Ricardo Dalai Lima)

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